
Sexta, 28 de agosto de 2020 — Agostinho, não o Carrara.
Acordo cedo, me sento. olho pesado sem saber onde está direito. Faço uma oração. depois faço outra porque na anterior eu me perdi. Faço minha leitura devocional. Na barra de notificações um lembrete do calendário litúrgico. Hoje é dia da lembrança de Aurélio Agostinho. Santo Agostinho, o de Hipona.
Talvez ele seja a maior mente do cristianismo ocidental. Talvez ele seja a maior mente do ocidente. Modelou a filosofia ocidental junto com os Sete Sábios da Grécia, Sócrates, Platão (quem influenciou profundamente Agostinho), Aristóteles, Anselmo, Gregório Magno, Tomas de Aquino, Calvino.
Tudo começou em casa. a grande maioria das boas coisas que somos começa em casa. Na cidade de Tagaste — hoje Souk Ahras da Argélia — sua casa tinha um pai patrício, um irmão Navigius, uma irmã Perpétua, mas principalmente uma mãe amorosa. Santa Mônica — que teve sua lembrança no dia de ontem — orou trinta anos incessantemente pela ressurreição do seu filho.
Faço meu café, busco pão francês e o de forma —que era pra eu ter comprado ontem —volto, tomo meu café sossegado. Essa é a minha liturgia de manhã que dá início a minha caminhada ao longo do dia. Um batismo diário.
Trinta anos de oração incessante. Agostinho —que uma vez fora maniqueísta —depois de uma decepção intelectual, entrega sua imensa intelectualidade para a esmagadora revelação da Sabedoria Encarnada.
Almoço carne de panela com cenoura e repolho refogado — bom demais. dou aquela deitada no sofá pra esticar as pernas.
Agostinho, tempos depois do seu batismo e de seu filho, vira bispo de Hipona —hoje Annaba da Argélia —e escreve um corpus de mais de cem livros e cerca de 750 cartas e homilias.
Preciso terminar minha dissertação logo. Não sei o que me espera na jornada diária até o sono.
Agostinho viveu sabiamente aos pés da Sabedoria. Escreveu sobre amor, compaixão e responsabilidade. Influenciou todo o zeitgeist da época —e de 16 séculos depois. Encontrou o descanso sabático aos 76 anos.
Antes de ir para meu texto do mestrado, penso como queria ser mais parecido com o doctor gratiae, enquanto queria, assim como Agostinho, encontrar descanso no Senhor da Graça.
Fizeste-nos para Ti e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em Ti. (Confissões, I, 1,1)
Ó Senhor Deus, luz das mentes que te conhecem, vida das almas que te amam e força dos corações que te servem, concede-nos força para seguir o exemplo de teu servo Agostinho de Hipona, de modo que, conhecendo a ti, possamos te amar verdadeiramente, e amando a ti, possamos te servir inteiramente – pois servir-te é a perfeita liberdade; através de Jesus Cristo, nosso Senhor, que vive e reina contigo e o Espírito Santo, um só Deus, agora e sempre. Amém. teologia luterana