ESTE É MEU FILHO AMADO…OUÇAM-NO!!!!

Idinei Carvalho Filho
Lecionário
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3 min readApr 1, 2023

A Festa da Transfiguração

O calendário litúrgico, ou ano cristão, é primariamente dividido em dois grandes blocos — Natal e Páscoa. A Festa da Transfiguração é o grande fechamento do bloco do Natal — junto com Advento, Natal, Epifania e Batismo. É a quarta celebração que afirma a identidade de Jesus não apenas como totalmente humana, mas também totalmente divina.

No evangelho de Mateus (17), Jesus e seus três amigos sobem um monte para orar. Aqui a glória de Cristo é revelada, sua aparência “foi transformada de tal modo que seu rosto brilhava como o sol e suas roupas se tornaram brancas como a luz.” (17:2).

Outro fato interessante acontece: Moisés e Elias aparecem com Cristo. Os dois viram a Glória de Deus justamente em uma montanha. Moisés também esperou por seis dias para vê-la (Êx 24:16) — a mesma duração de tempo entre os fariseus pedirem um sinal a Cristo, Pedro ter confessado sua fé e Jesus ter predito sua própria morte e o falado do custo do discipulado (Mt 16). Jesus é o novo Moisés que nos leva a um novo êxodo do império das trevas para o Reino da Luz (1 Pe 2:9), e também é o novo Elias que é levado aos céus (At 1:9).

O próprio senhor nos mostra como a festa da Transfiguração nos prepara para a Sexta da Paixão. Sua voz santa surge dos céus dizendo: “Este é meu Filho amado, que me dá grande alegria. Ouçam-no!” (17:5). Cristo é o Sacerdote Real, filho Amado (como Isaque — Gn 22:2) de Deus (Sl 2:7) que vai subir em outro monte (o Gólgota — Mt 27:33) para oferecer sua vida em sacrifício pelo pecado do seu próprio povo (assim como o poema-profético do Servo Sofredor em Isaías 42–53).

A Transfiguração — https://www.instagram.com/p/Co2INgCOMCh/

Mas ao ver a Glória de Cristo vemos a nossa fraqueza. Deus nos fez a sua “imagem e semelhança” (Gn 1:26–27) — nos dando um trabalho a fazer (não, Adão e Eva não ficavam ociosos no Éden) — éramos seus representantes, sacerdotes reais para cuidar e abençoar o mundo (Gn 2:15), mas caímos, quebramos o “espelho que reflete a imagem do Senhor” — nossa identidade continua como sendo imago Dei (imagem de Deus), mas agora caídos e voláteis.

Olhamos para Pedro e vemos a nós mesmos. Somo animados e entusiasmados quando vemos as coisas dando certo, quando vemos Deus em sua Glória mais visível, queremos habitar, fazem tenda naqueles momentos felizes (17:4) porém fugimos e nos escondemos dos momentos tristes e sem esperança, assim como Pedro, extasiado na Transfiguração, mas escondido e envergonhado na Sexta-feira Santa, depois de negar conhecer Jesus. Pedro, tão gente como a gente…

Há esperança para nós! Jesus é o novo Adão que intocado pelo pecado nos devolve a perfeita imagem de Deus. O novo Moisés que não apenas nos instrui como viver nesse mundo (Mt 5–7), mas traz as bênçãos que nos leva a perfeita terra prometida. O novo Elias que não só representa o fim dos tempos (Ml 4:5–6) mas nos leva para lá, a Nova Jerusalém, onde seremos iguais a Ele na Transfiguração (Apocalipse 4)

Até lá, até a festa de Cristo Rei, o que faremos? Deus, quando se aproximava o momento da morte de Moisés, prometeu enviar ao seu povo outro profeta como Moisés e ordenou: vocês devem ouvi-lo (Dt 18:19) . Agora, quando Moisés, mais uma vez, encontra-se com Deus no monte, a voz que vem da nuvem atrai a atenção para Jesus, confirmando o que Pedro dissera no capítulo anterior. Jesus não é apenas um profeta; ele é o filho de Deus, o Messias; e Deus se agrada do que ele está fazendo. Assim, a palavra dita aos discípulos é exatamente a mesma para nós hoje.

Se você quer encontrar o caminho — o caminho para Deus, o caminho para a terra prometida — , ouça Jesus.

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Idinei Carvalho Filho
Lecionário

amigo do Amigo. Designer, mestrando, trainee de professor, apaixonado por história e aspirante a teólogo de fundo de quintal https://linktr.ee/idineicarvalho